CAVERNA
Porque escrever é ato de libertação
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Textos

 

Estou acostumado em perguntar 

e ninguém responder 

A chamar e ninguém

me ver 

A falar e ninguém 

me ouvir

Esperar e ninguém chegar. 

 

Esquecer que fui esquecido 

Deixar para lá que fui deixado 

Ignorar o fato de que fui constantemente

Ignorado. 

 

Acompanhar o sinal azul do WhatsApp

Sem respostas

 

Que me esfriaram quando estava aquecido

Que me odiaram quando quis ser amor 

Que me escolheram por não ter alternativa: 

Seja lá como for! 

 

Me acostumei e não devia 

Com a recepção 

Das pessoas, no bom dia, que dizem não 

Na decepção 

Do carinho frio quando negam sua mão

Do racismo velado revelado 

Na ojeriza do olhar 

 

Eu me acostumei 

E não deveria me acostumar

Eu não mudei 

Mas deveria me revoltar (?)

 

Do afastamento geográfico reforçado da ignorância humana de que as peles não se devem tocar. 

 

Ainda sou aquele cara negro 

Aquela cara preta
Que ri para ser notado

Que diz alto para ser escutado

Que pede sem esperança de receber 

Que dá afeto para ser afetado 

De qualquer forma, independentemente de como se vê... 

 

E isso é triste 

É tão triste se sentir só no meio da solidão social 

É amargo o marketing da divisão unilateral

É tão estranho ser humano num mundo 

Em que há homem mais igual que o outro 

 

Minha garganta seca  seca
E o sufoco
Me deixa calado.
Minha omissão peca.

Eu me acostumei a amar e não ser amado.

Pergunto, São Francisco:
E isso, não é errado?

Dir Lopes

Dir Lopes
Enviado por Dir Lopes em 22/02/2025
Alterado em 22/02/2025
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