SOLIDÃO
Oferto o que me falta,
na esperança de acalmar,
mas quem recebe se esquece
de que também pode doar.
O abraço que eu estendo ao vento
vai sem nunca retornar,
Se perde, evapora, se desfaz
Desfeito no ar
A palavra que consola,
morre em silêncio, sem paz
Jaz aqui, jamais.
E na ingratidão dos dias,
o vazio, meu castigo, grita: "Ai"
E o mundo, alheio, me rejeita:
sem gesto, sem abrigo, se vai
Dou o que mais preciso,
e recebo o nada, o vão.
Tudo em mim se desfaz,
De quem oferta em solidão.
Como folhas secas ao vento
Me consome, um abismo, me espreita
O eco triste, um mundo em silêncio,
Na mão a esperança se rende.
Que Sua vontade seja feita.
Dir Valdir Lopes