à Beth Isabel Moreira
Eu aceito todo caminho que me fiz dor
Eu aceito todo destino que me fiz erro
Eu aceito toda escolha que me fiz vivo
Eu aceito toda luz que não se apagou
E a escuridão, meu antigo cobertor
Eu aceito todo silêncio que me fiz covarde
Eu aceito os olhares desviados
A ignorância premeditada
Eu aceito toda lágrima que me fez dormir tarde
A declaração de amor adiada
Eu aceito todo medo que me fez ficar
Eu aceito todo o receio de amar
E deixar-me, escondido, esquecido, perdido de mim
Eu aceito sim
Eu aceito essa pele que não é minha
Queimando de responsabilidades
Essa boca emprestada
Que tem medo de dizer verdades
Esses olhos pequenos
Nipo-afro-mundial
Desnudo-me de toda história mal contada
Essa cor mal desejada.
Esse ser imortal que é minha alma.
Mãe, eu aceito a sua calma
Que me ensinou
Ser quem realmente sou