CAVERNA
Porque escrever é ato de libertação
Textos
ALÉM DE SI

Após o banho, enrolada na toalha, foi até o aparelho de som, escolheu meticulosamente um CD. Começou a tocar a música preferida. Não sabia o quanto já havia ouvido essa mesma música, mas cada vez que a ouvia era como se ouvisse pela primeira vez. Deixou se levar pelo ritmo dançante, enérgico e rápido. Começou a dançar. Deixou a toalha escorregar pelo corpo até o chão. Já não se importando com a nudez, ficou dançando, dançando, apertando os olhos para que nenhuma distração a interrompesse, movendo a boca, sem pronunciar algum som, como se a voz da cantora fosse a sua própria voz. Em cada brusco movimento, o cabelo era jogado para o ar, respingando gotículas, molhando o chão e os móveis. Colocava a mão no peito se condoendo com a emoção da música e lançava os braços para o alto, circundando a cabeça e voltando à posição inicial. Abraçava-se continuamente, alisando o rosto como que consolando a si própria e quando, paulatinamente, a música foi silenciando, ela pegou a toalha, entrou no quarto e vestiu-se.
valdirfilosofia
Enviado por valdirfilosofia em 02/10/2007
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