A FLOR DO REINO.
Havia, num reino distante, um bondoso e sábio rei que andava preocupado com quem herdaria seu trono. Já de idade avançada, o rei não teve filhos. Então decidiu nomear uma criança do reino como herdeira e ensinaria a ela os princípios de um bom rei. Mas como escolher?
Passeando em seu magnífico jardim - aliás, o mais belo jardim de todos os reinos - o rei teve uma grande ideia. Chamou todos os seus súditos e anunciou: “Avisem por todo o reino que escolherei dentre todos os meninos e meninas do reino, alguém que herdará o meu trono. Como todos sabem, não tive filhos e minha idade já está avançada, por isso necessito já ensinar a alguém os ofícios reais. Digam que, quem tiver interesse de concorrer, será preciso estar presente no jardim real, amanhã de manhã.”
Na manhã seguinte, no jardim real, encontravam-se meninos e meninas do reino. Todos os quais entusiasmados e ansiosos para saber quem seria escolhido como herdeiro do rei. Poucos minutos Sua majestade apareceu carregando um saco de sementes.
“Meus pequenos e pequenas”, começou o rei, “ como todos sabem preciso escolher alguém dentre vocês para ser herdeiro de todo o meu reino e de toda a minha riqueza. Sabem que não posso ter filho, por isso resolvi adotar um dentre vocês. Para a minha escolha ser justa, pensei em meu belíssimo jardim, cuidado por mim há muitos anos.”
“Portanto, darei a cada um de vocês uma semente. Durante três meses cada um cuidará dessa semente e quem me trouxer a mais bela e cuidada planta, esse será meu herdeiro.”
Após dizer essas palavras, foi distribuindo um por um as sementes que estavam contidas no saco. Sob os olhares entusiasmados das crianças e desejos esperançosos dos pais. Todas as crianças colocaram as suas respectivas sementes num vaso, com boa terra e fertilizantes, aguando-as continuamente. Nesse tempo, nenhuma planta nasceu. As crianças ficaram muito desapontadas e os pais desesperados. Uns tiveram a ideia de buscar uma planta vistosa e bonita em outro reino. A ideia se espalhou.
Assim, no dia derradeiro, pareceu que todas as crianças tiveram a mesma ideia. Todas estavam lá com suas plantas vistosas e lindas em mãos.
O rei não demorou muito para aparecer e vistoriar todas as plantas e escolher a melhor. Os pais ao lado dos filhos não se aguentavam de ansiedade e as crianças com seus sorrisos amarelos torciam para serem escolhidas. O rei continuou averiguando planta por planta, olhando as folhagens, as sementes, as flores e o cheiro, até chegar a um vaso seco, sem planta, com terra toda misturada. O rei olhou para a criança que segurava o vaso e percebeu que saía uma fina lágrima de desapontamento de seus olhos. Sua majestade então parou, olhou para a garota e anunciou em alto e bom tom. “Eis aqui minha nova herdeira. Essa garota será a rainha de todo esse reino”.
Ninguém entendeu nada. Todos estavam estarrecidos com a escolha do rei. Outros diziam que o rei estava endoidecido. Como poderia escolher aquela garota se nem uma planta ela fora capaz de trazer?
O rei olhou profundamente para os seus súditos e explicou: “Quando dei a semente para que todas as crianças plantassem, cultivassem e cuidassem de uma planta, esperava eu que a criança escolhida trouxesse-me a melhor, mais vistosa e linda flor do meu reino.”.
“Pois bem, eu entreguei a todas as crianças uma semente morta, queimada por mim mesmo. Por isso, sem condição de oferecer qualquer tipo de vida. No entanto todos, menos uma, me trouxeram plantas variadas, de reinos distantes que desconheço. Mas somente essa garota me trouxe a planta mais vistosa que preciso para o meu reino: a sinceridade, a verdade, a responsabilidade e a humildade. Essa planta está dentro dessa menina e por isso ela merece ser a nossa rainha.”
Muitos pais de boca aberta e envergonhados reconheceram a sabedoria do rei e aceitaram a decisão. Ficando a lição para todo o reino. A verdade é a melhor flor a ser plantada.
Parábola popular adaptada por Valdir dos Santos Lopes