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DEIXE-ME ENTRAR (LET ME IN)

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 ATENÇÃO, RECOMENDO VER O FILME ANTES DE LER MEU TEXTO, JÁ QUE CITO DETALHES QUE DESCOBREM A MAGIA DO FILME. NO MAIS, PODERÃO CONTRIBUIR COM O DIÁLOGO, ASSISTINDO PRIMEIRO AO FILME E CONCORDANDO OU NÃO COM MEUS COMENTÁRIOS.

             Owen é um garoto franzino que é achacado pelos alunos encrenqueiros da escola, sofrendo bullying. Além disso, passa pela separação dos pais e é cercado por um mundo de desconfianças e misérias em seu redor. (Típico nas narrativas americanas, medidas velhas.) As coisas não ficam tão fáceis quando uma vizinha nova aparece: Abby. Misteriosa, morando apenas com pai ou um guardião, reserva um segredo que na verdade é uma grande maldição. O pai de Abby precisa assassinar para garantir o alimento da filha, que é uma Vampira. Tudo isso complica quando a trajetória desses dois adolescentes se encontra de forma tão conectada que não há mais meio de se separarem. Cada um precisa enfrentar seus piores pesadelos. E por cima um amor, naturalmente advindo de famílias dispar, de raças diferentes. Mais uma adaptação de Romeu e Julieta de William Shakespeare? Parece-me que os americanos adoram misturar Shakespeare com Bram Stoker

 Lançado em 28 de janeiro de 2011, o longa com mais de uma hora de duração tem a atuação de Chloë Moretz, no papel da jovem Abby. Um grande trabalho de interpretação, misturando a doçura de uma jovem inocente menina com o cruel monstro chupador de sangue guardado dentro de si.

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A atriz norte-americana nasceu em 1997, 10 de fevereiro. Atlanta, Geórgia, EUA.

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Já o inexpressivo  Kodi Smit-McPhee, nasceu em 13 de junho de 1996 e é australiano.

             Owen realmente ficou como coadjuvante. Interpretado pelo ator mirim Kodi Smit-McPhee, esperava eu uma maior presença de palco, o que não aconteceu. Digamos que aceitou o papel de vítima e não de autor. Ou seja, ambos deveriam ser ROMEU E JULIETA, mas não foi o que aconteceu.

            A cena de violência tem seus clássicos ataques, mas nada de demasiado, que estrague a desenvoltura do filme, a sutileza e a simplicidade. A cena onde a menina ataca sua refeição é simples e rápida. Nada de alarde, nada de consternação. O público até abona tal ato, pensando na cadeia alimentar proposta.

            Mas o mote está em: Pai, o Senhor acha que o mal existe?… As pessoas podem ser más?”

            Talvez o grande mote do filme. E a reflexão fica quando descobrimos que a maldade é relativa. Depende do ponto onde você escolhe para julgar. “Deixe-me entrar” não é um filme de fôlego, de produção explosiva e arrebatamento, mas propõe discussões importantes, sem pieguismos, sem falso moralismo.

            Percebe-se que não dá pra dicotomizar a discussão. Não há essa coisa maniqueísta do bem puro contra o puro mal. Cada um de nós encontra um espaço mais complexo e mais profundo dentro de nós.

            Climatizar a narrativa em Los Alomos, Novo México, ainda em Março de 1983, dá aos assistentes uma visão de miticidade ou misticidade. Já que aproximando cada vez dos latinos, nos afastamos do cartesianismo americano. Talvez seja esse o calcanhar de Aquiles de todos os filmes americanos. Quanto mais no oeste e mais no sul, mais selvagem é. Esse preconceito eurocêntrico que ainda não consigo engolir. Claro. Sou sulamericano.  Tanta confusão é que conseguem ainda, os protagonistas, confundirem vampirismo com seita satânica. Falta de criatividade. Aqui pecou.

            Apesar do horror, o filme deixa bem claro que não há lado. “Me perdoe Abby” – O estranho homem deixa um recado antes de pular do prédio onde estava internado, com mais de 80% do rosto queimado. Abby tem que perdoar? Sim. A toda humanidade. É nosso preconceito, medo e desconhecimento a fonte de todo e qualquer tipo de horror. Intencional? Claro que não. Nem mesmos os criadores de X-man acreditariam na repercussão. Mas conseguiram falar mais do que aquilo que queriam falar. Acho que falaram demais.

            O tempo é bem retratado. Cubo Mágico, Pacman… Eu teria 2 anos de idade nessa época. Claro que meu país teria uma cultura e um clima totalmente diferente da retratada no Novo México. Mas como Reagan e o americanismo já estavam fortes em todo o continente, não posso dizer que o Cubo Mágico e o Pacman demoraram para chegar. E esse é um ponto positivo para um filme produzido em 2010.

            Agora que o vampirismo está em moda, por causa dos filmes hollywoodianos e não pelos livros, acredito que o longa não perde em nada para os novos filmes exibidos com temáticas semelhantes e vendidos a bancarrotas.

            A iluminação do filme é outra coisa que me chamou atenção. Nada muito escuro que impeça de apreciar os detalhes, mas também nada de muito claro que deixe o mistério tão evidente. Junto ao clima de inverno do continente americano, a junção do branco e da luz amarela com um marrom claro do papel de parede fez uma combinação notável de clássicos de filmes de monstros. Apesar de que não estamos falando dos monstros feios e berrantes, deformados e sanguinários. Mas dos monstros que somos, dos que têm o mesmo rosto diário em que encontramos em nosso dia-a-dia.

            Enquanto tentam vencer seus obstáculos, a sociedade clama pelos seus mortos. Há de haver justiça. Nesse caso pergunto: Que justiça? Do homem? Dos deformados? De ambos?

Os que mataram devem ser condenados? Quantos de nós não matamos indiretamente? Passarão sobre qualquer coisa e até sobre uma pretensa criança de 12 anos?

            É claro que estou assistindo a um filme copiado na internet. A qualidade não é aquela coisa. Conta-se aí o arquivo desconhecido em que foi digitalizado, a baixa qualidade do meu aparelho e a mania que tenho de ouvir através de um fone de ouvido. Tudo isso contribui para nortear minhas avaliações. E para isso busco menosprezar o máximo esses elementos, já que não é culpa da produção, mas do veículo que trouxe a película até a mim.

            Eu não tenho essa coisa de o politicamente correto. Ainda os filmes andam caros por demais. Alugar ou ir ao cinema custa muito para quem recebe um salário e meio. Justifico minha opção pela pirataria? Interprete como quiser. Busco a melhor forma de usufruir da cultura, sem com isso excluir o arroz e feijão da minha ração diária.

            Indico a audiência. O filme é bom. Escrito por Matt Reeves, avalio que a fotografia, iluminação e o enredo são bons.


valdirfilosofia
Enviado por valdirfilosofia em 19/12/2012
Alterado em 27/12/2012
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