A IMPORTÂNCIA DA ORALIDADE PARA O ENSINO DE HISTÓRIA E LÍNGUA PORTUGUESA.
A criança, na fase da oralidade e alfabetização, tem possibilidades de assimilar alguns conteúdos que lhe serão caros no processo ensino-aprendizagem de leitura e escrita, como também na noção de historicidade. Nessa fase, o professor precisa atentar para o desenvolvimento da oralidade, motivando cada vez mais aos alunos posicionarem, por meio da fala, sobre fatos que lhe ocorrem, ocorreu ou desejam que ocorram. A narração de fatos por elas permite que organizem também o pensamento (Vigotski, 2010).
Segundo Tereza Malatian, as experiências dos alunos dão “aos indivíduos a percepção dos intervalos de tempo – da medida do tempo -, a qual é adquirida por meio das atividades sensoriais, intelectuais e programática.” (p. 69). E por meio desse ínterim, constituem sujeitos concretos de sua realidade, percebendo que é mudado por ela, da mesma forma que pode mudá-la. Muito, além disso, percebe-se sujeito histórico, pertencente a uma sociedade que também não é estática.
Como conceito, os alunos poderão perceber a temporalidade dos fatos narrados e acontecidos com eles, diferenciando o hoje do ontem e desses do amanhã. Poderão mensurar o tempo, com objetivo de esperar algo. Há, então, várias possibilidades nesse momento de introduzir a noção de divisão temporal convencionalmente instituído pela sociedade. Como por exemplo: dias, semanas, meses, anos, período do dia, estação de ano etc.
Como atitude, além do respeito do tempo de falar e ouvir, poderá perceber a importância de direcionar suas narrativas orais numa determinada linha sequêncial e lógica, como conhecimento da instituição convencional comunicativa. Ou seja, buscar ser entendido da melhor forma possível.
Como procedimento, buscar meios e instrumentos para fazer com que sua comunicação, em princípio oral, possa ter efeito desejado. Reconhecendo como comunicador, posteriormente escritor, perceberá algumas características que poderão lançar mão para sua produção comunicativa.
E aqui entramos nos conhecimentos necessários para o ensino-aprendizado de leitura e escrita. O aluno, por meio das experiências anteriores, terá condição de lidar sem muito desespero com conceitos como coesão e coerência na produção textual. Reconhecendo o fluxo de uma narrativa, a ordem necessária para estabelecer determinado efeito, a limpeza e clareza da produção segundo seus próprios objetivos comunicativos.
Fica evidente, portanto, que o conteúdo curricular Língua Portuguesa e História já se aprendem no Maternal, na Pré-escola e em diante, possibilitando, por meio da oralidade, ao aluno vivenciar conceitos e procedimentos que posteriormente, sem esse processo inicial, parecerá mortificador.
Desse modo, o conteúdo de História, como de Língua Portuguesa deve ter o sentido de tornar a criança sujeito histórico e responsável pela construção do futuro. Também um sujeito comunicativo e que sua presença como escritor não anula sua posterior presença como leitor e esses momentos simultaneamente vão se substituindo de modo a adequar seu produto comunicativo.
É por meio de conteúdos que partem do contexto da criança que o aprendizado realmente se torna significativo.
REFERÊNCIAS
MALATIAN, Teresa. Quanto tempo o tempo tem? In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Prograd. Caderno de Formação: formação de professores didática geral. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. p.69
VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2012
Professor Valdir dos Santos Lopes
Psicopedagogo, graduado em Letras, pela Fafipe-Funepe, e graduando em Pedagogia, pela UNESP-Univesp.
valdirfilosofia
Enviado por valdirfilosofia em 31/07/2012