CAVERNA
Porque escrever é ato de libertação
Textos
SARESP 2009

     O Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo, 2009, vem mostrar que as competências educacionais dos nossos alunos estão aquém das metas esperadas por organizações como o Movimento Todos pela Educação, ONU/ UNESCO entre outros.
     A atual sociedade, suas tecnologias e relações, exige competências e habilidades dos cidadãos para que possam usufruir e interagir nesse novo meio social. São preceitos da nova economia. A economia global precisa de pessoas cada vez mais próxima da realidade capaz de interagir com todos os recursos existentes. É questão de sobrevivência humana, já que construímos em nossa sociedade instrumentos para tornarmos menos frágeis diante à natureza. Mas as avaliações externas, proporcionadas principalmente pelo governo Federal e Estadual, demonstram que nossos estudantes não conseguem dominar a escrita e leitura e os cálculos matemáticos – conhecimentos aferidos pelo SARESP.
     Se fizermos uma comparação da avaliação feita em 2008, pouco mudou nos conceitos sobre o desempenho dos estudantes paulistas; em matemática piorou. Segunda a Folha de São Paulo desse último sábado (cotidiano C1 27/02/2010), os alunos do último ano do Ensino Médio têm mostrado índices compatíveis com o da 8ª Série, ou seja, nossos concluintes não aprenderam muita coisa durante seus 3 anos de estudo.
     Evidente que não podemos lançar conclusões precipitadas, calcadas no senso comum e no julgamento preconceituoso, em buscas de culpas e panacéias sem atentarmos profundamente para vários fatores que corroboraram para esses dados. Fatores esses que se somam a um grande número de unidade escolares do Estado e professores sem respaldo estrutural que emperram nas medidas econômicas e ideológicas.
     E mais. Segundo apura o jornal, dados apresentados atualmente pelo governo paulista, que mudou a metodologia de classificação do desempenho, deve ser visto com cautela. Se o SARESP 2009 usasse a mesma metodologia de 2008, talvez os dados pudessem ser piores. Realmente, em épocas eleitorais devemos tomar cuidado com os dados governamentais que trazem maquiados os avanços que determinados governos obtiveram.
     O Secretário de Educação do Estado de São Paulo credita o mau desempenho à má formação dos professores, como se percebe na entrevista dada à Folha (Cotidiano C3 27/02/2007). Essa interpretação é superficial da mesma forma que é superficial creditar somente a crise da educação à baixa remuneração dos profissionais de educação.  A discussão é que um fato apresentado – o insucesso dos estudantes nas avaliações governamental – não pode ser compreendido por um único fator, mas por todos os elementos presentes num complexo sistema chamado Educação. Além d’esse complexo sistema educacional paulista ser muito grande com particularidades que fogem da análise de qualquer perito que prefere ficar em seu gabinete despachando.
     O senhor Paulo Renato afirma, por exemplo, que a queda da média dos alunos do 3º ano do Ensino Médio se deve a ampliação do acesso à educação. Até parece, na minha ingenuidade, que se diminuirmos o acesso, melhoraremos os índices educacionais. E quem deixaremos de fora? Os menos favorecidos economicamente, é claro. Não é difícil chegar a essa conclusão ainda mais em uma sociedade excludente como a nossa que atribui, geralmente, aos desfavorecidos, a culpa pelo insucesso escolar.
     Discordo completamente. Acredito que a universalização da Educação deve vir acompanhada de qualidade. Isso não é questão de tempo e sim de estratégia, planejamento e compromisso de todas as esferas governamentais e da sociedade em geral.
     Apesar da mudança de metodologia e diferente do que defende o Secretário de Educação Estadual, os índices não são bons. Se acompanharmos os dados publicados na Folha de São Paulo, veremos que há muita coisa a se fazer e que talvez as providências tomadas até então não foram suficientes. A 4ª Série evoluiu muito pouco, os da 8ª Série com qualidade de 6ª Série e os do Ensino Médio com conhecimento do Ensino Fundamental. Isso não é avanço. É regresso.

Professor Valdir dos Santos Lopes
Pós Graduando em Psicopedagogia
valdirfilosofia
Enviado por valdirfilosofia em 01/03/2010
Alterado em 01/03/2010
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